Às vezes, um rabo de saia é um rabo de foguete
A palavra “rabo” vem do latim rapum e se refere à cauda de animais, incluindo peixes e aves. A metáfora, longe de ser um recurso especial usado pelos poetas, é um processo normal da linguagem na criação de novas expressões. Assim, inúmeras metáforas foram construídas a partir da palavra “rabo”. A expressão “de cabo a rabo”, por exemplo, significa: do começo ao fim. Nessa caso, “rabo” tem o sentido figurado de “fim”. A expressão “passar o rabo do olho” significa “olhar de esguelha”, “olhar atravessado”, quando o olho é deslocado a uma das extremidades laterais. A característica comum, usada nessa metáfora, é a de extremidade, ou seja, o rabo é uma extremidade do corpo dos animais e o “rabo do olho” seria um deslocamento extremo do olho. Outra expressão é: “pegar um rabo de foguete”, que significa assumir uma tarefa difícil de ser cumprida. Ao soltarmos um foguete, temos que segurá-lo pela extremidade final. Como essa tarefa implica sempre um risco de queimar-se, pegar um rabo de foguete é pegar um trabalho perigoso. No Brasil, a palavra “rabo” assume também conotações eróticas, como na expressão “rabo de saia”. Diz-se que a parte posterior da mulher, abaixo da cintura, chega a ser a “preferência nacional” dos homens, em termos de sedução. Assim, basta ver passar um “rabo de saia” que os homens se sentem atraídos por sua dona. Temos ainda outras expressões derivadas da palavra “rabo”: “encher o rabo” e “sair com o rabo entre as pernas”, além de outras. Falamos o tempo todo por metáforas, embora nem sempre tenhamos disso consciência.
Odilon Pinto é mestre e doutor em Linguistica, pela UFBA, e professor da UESC.
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