domingo, 20 de abril de 2008

A DECEPÇÃO WAGNER NÃO DEVE NOS FAZER RETROCEDER

A decepção que está sendo o governo Wagner se, por um lado, traz um certo mal-estar a toda a sociedade e um sentimento de frustração com a política, por outro lado, pode nos oferecer conteúdos para uma reflexão.
A política não é algo a parte, desvinculado do todo da sociedade. De um certo modo, poderíamos dizer que ela reflete, é ressonância da mesma sociedade e que os erros da política são trazidos da sociedade. Também podemos pensar que da má prática política partem referenciais negativos para a sociedade.
O homem simples que trabalha e com muita luta consegue sobreviver e sustentar a sua família fica indignado diante dos desmandos cometidos pelos políticos. Ele não aceita que os seus impostos pagos com tanto suor sejam desviados e, por isso, faltem condições para um bom atendimento nos serviços básicos. Ele ensina os seus filhos a terem caráter e serem corretos. E, assim, age a maioria da população. Fica então difícil a tese de que a política é o reflexo da sociedade.
Mas por que, então, os homens que se dispõe à ação política não encaram o mandato como um serviço ao bem comum e a ele dediquem o melhor do seu talento e do seu trabalho?
Por que interesses menores acabam dominando e o mandato acaba servindo aos interesses particulares ou de grupos de pressão que se aproveitam da função para usufruir benefícios?
Por outro lado, é a população que outorga o mandato aos políticos. E então, surge a pergunta: por que são eleitos tantos maus políticos?
Seria a população masoquista a ponto de escolher mal para sofrer os efeitos da má ação dos eleitos?
O grande humanista Gandhi, num de seus escritos, denunciou os sete pecados sociais modernos:1. Política sem princípios
2. Negócios sem moral
3. Riqueza sem trabalho
4. Educação sem caráter
5. Ciência sem humanidade
6. Prazer sem consciência
7. Religião sem sacrifício
Parece que a correção destes males está na dependência do assumir de toda uma sociedade. Um assumir com consciência e determinação levando a uma verdadeira e eficiente participação, motivada por uma vivência de valores.
Talvez um dos grandes desafios que devemos enfrentar é o de despertar autênticas vocações políticas, oferecer a elas condições de um bom preparo para o desempenho da ação pública e, quando no exercício da mesma, um acompanhamento efetivo.
Embora os tempos sejam difíceis, é preciso não desesperar, mas lutar para que consigamos mudar as coisas. Os movimentos sociais são a prova do que é capaz uma comunidade organizada e consciente.

Val Cabral
Radialista: Programa Sem Papas na Língua/Rádio Jornal (560), ás 14h.
Dirigente do Partido Verde
pvitabuna@bol.com.br

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