ENTREVISTA ! " - Está tumultuado, meio sem rumo, porque herdou uma verdadeira tragédia administrativa deixada pelo ex-prefeito Fernando Gomes."

Marcel Leal.

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Este Blogueiro entrevistou no último final de semana o proprietário da rádio “Morena FM” e do Jornal “A Região”, Marcel Leal. A entrevista está bastante polêmica.
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Na entrevista Marcel fala sobre a morte do seu pai, Manuel Leal, da briga com a Rede Globo, da eleição do prefeito de Itabuna, Capitão Azevedo (DEM), da sucessão estadual de 2010, dentre outros assuntos.
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Abaixo a entrevista..

Blog. O que te deu força para assumir o comando do Jornal “ A Região” , após o seu pai, Manuel Leal, ser cruelmente assassinado?
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Marcel Leal - Primeiro, a convicção de que os mandantes (que todo mundo sabe quem são) não poderiam ser “premiados” com o fim do jornal. O crime foi justamente para calar o A Região. Segundo, o jornalismo sempre esteve no meu sangue. É uma paixão minha. Tanto que foi a “Morena FM” quem teve a ousadia de colocar, pela primeira vez na Bahia, um noticiário completo no FM, o Jornal das Sete.
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Blog. E como foi assumir o jornal naquela circunstância?
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ML - Muito difícil. Além do enorme impacto emocional, tinha que manter o mesmo espírito do jornal que meu pai implantou. Isso não é fácil quando se tem uma equipe ameaçada de morte (não sabíamos se outros assassinatos ocorreriam).
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Blog. Qual foi o maior desafio encontrado?
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ML- Manter este espírito e enfrentar o esquema montado pelo governo Paulo Souto para abafar o assassinato de meu pai, além da sabotagem econômica promovida pelos mandantes, ameaçando anunciantes. O delegado enviado para “investigar”, na verdade, manipulou o inquérito e só não conseguiu incluir um bode expiatório para encerrar o caso porque descobrimos e denunciamos. Foi uma luta diária contra gente poderosa, rica e impune.
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Blog. Seu pai foi assassinado em 1998, entretanto, até o momento não tem nenhum acusado preso. Qual é seu sentimento diante dessa situação?
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ML- Tem um dos acusados preso sim, o policial civil Monzar Brasil que, por pressão nossa e de entidades nacionais e internacionais que atraímos, foi o primeiro acusado julgado por assassinato de um jornalista na história da Bahia. Ele foi condenado a 18 anos de prisão mas, usando os advogados mais caros da Bahia, vem recorrendo e ainda não passou um dia sequer numa penintenciária. Está preso na corregedoria da SSP, onde tem mordomias. Pior: até hoje não foi demitido da função de policial. A delegada encarregada do inquérito para a demissão vem adiando seu final e não explica à sociedade por que. Enquanto isso, Monzar é um pistoleiro pago pelo estado da Bahia. Já os mandantes sequer foram investigados.
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Blog. Você acredita em outra vida?
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ML - Tenho certeza dela. Deus seria burro demais se criasse as pessoas para durar tão pouco. A gente morre, volta, morre de novo, volta... De preferência aprendendo alguma coisa em cada vida.
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Blog. Se você encontrasse o seu pai, o que você falaria para ele?
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ML- Converso sempre com ele, ou melhor, eu comento com ele o que acontece e espero que me inspire sobre os caminhos a tomar. A gente chama de intuição, mas muitas vezes são sugestões de quem está em outra dimensão, porém perto de nós.
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Blog. Qual é a maior dificuldade em administrar um jornal no interior da Bahia?
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ML- A maior é a falta de anunciantes de peso. Quando aparece algum, quer pagar muito menos do que a publicidade no jornal vale. Mas não é a única. O ritmo é intenso, não importa se o jornal é semanal ou semi-diário; falta estrutura (decorrente da falta de dinheiro) e você só continua independente se nasceu com esta convicção, com este perfil. Nós só sabemos trabalhar de forma independente e isso atrapalha a captação de recursos oficiais, por exemplo. Alguns prefeitos e governadores entendem que são anunciantes, mas isso não lhes dá o direito de interferir na parte editorial (casos, por exemplo, de Jaques Wagner, Jabes Ribeiro e Geraldo Simões). Outros acham que, se anunciam, têm direito a mandar no editorial, só ver notícias boas sobre eles e exigem que as ruins sejam abafadas (casos de Paulo Souto, Cezar Borges, Fernando Gomes, Valderico). Claro que eles só conseguem isso porque existem jornais que se vendem.
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Blog. Como você está vendo a quantidade expressiva de Blogs que foram e estão sendo criados na região?
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ML - Estou muito feliz com isso. Valoriza a região e amplia as opiniões divergentes, o que para mim é essencial para manter o público bem informado. Mesmo quando mentem, os blogs prestam um serviço, porque o internauta é inteligente e percebe a mentira, concluindo que o oposto é a verdade. Por mim, nasceria um blog a cada dia. Quanto mais, melhor e vários são realmente bons.
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Blog. Como foi solucionado a “briga judicial” entre você e a Rede Globo, no episódio em que você registrou os domínios dos sites “jornalnacional.com.br” e “globoesporte.com.br?”
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ML - A juíza que cuidava do caso deu ganho para a Globo, mas incluiu em sua sentença várias ilegalidades que obrigaram a Justiça a anular esta decisão. Acho até que fez de propósito para se livrar da pressão da Globo. Hoje, o processo voltou à estaca zero e está, há dois anos, esperando ser redistribuído para outro juiz. Uma coisa é certa: a única maneira da Globo ganhar este processo, como ele foi feito, é rasgando a lei de marcas e patentes. Por isso, talvez, ele esteja parado há tanto tempo...
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Blog. Mudando de assunto, como que você avalia a sucessão municipal de Itabuna em 2008, na qual o candidato que começou com 8% conseguiu ser eleito. A eleição de Azevedo foi surpresa para você?
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ML- Para mim e para todo mundo, acho que até para Azevedo. Foi a volta de um tipo de populismo que não era usado desde Alcântara, aquele negócio de sair correndo e se jogar nos braços do povo, de beijar criancinhas, comer porcaria nas casas, mas elogiar assim mesmo... E, claro, promessas como o bolsa família municipal.
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Blog. Durante a última eleição o Jornal “ A Região” fez duras críticas contra o então candidato Capitão Azevedo (DEM), porém, passada a eleição houve uma mudança e o Jornal passou em alguns momentos a defender o governo do Capitão Azevedo. Afinal, quem mudou, Capitão Azevedo ou Jornal “A Região”?
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ML- Não sei se Azevedo mudou, mas nem eu nem o jornal mudamos em nada. Assim como com outros políticos, criticamos o que precisa ser criticado e defendemos o que é feito direito. Foi assim com Souto, por exemplo. Pegue o que criticamos em Azevedo durante a eleição e nossa opinião continua a mesma. Nem por isso vou deixar de defender quando vejo uma boa intenção ou uma ação positiva. As pessoas precisam entender que a eleição acabou e a decisão do povo tem que ser respeitada. Além disso, é bom lembrar que Azevedo não é Fernando Gomes...
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Blog. E qual é sua opinião em relação ao início do governo do Capitão Azevedo?
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ML - Está tumultuado, meio sem rumo, porque herdou uma verdadeira tragédia administrativa deixada pelo ex-prefeito Fernando Gomes. Foram quatro anos de nenhuma ação positiva, de abandono dos bairros e até do centro; de sumiço de verbas federais e estaduais, de sucateamento de uma saúde que, até 2004, era modelo no estado, elogiada por quem vinha de outras cidades. Fernando destruiu Itabuna e Azevedo só vai conseguir fazer um governo com sua cara depois de resolver isso.
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Blog. Como você avalia a trajetória política de Fernando Gomes (DEM)?
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ML- Uma vergonha para os itabunenses, gozados até em outros estados pelas manchetes que ele gerava; uma lástima para a política baiana, uma desgraça para a cidade. Foi o prefeito mais processado da história de Itabuna, um recorde que dificilmente algum outro vai alcançar.
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Blog. Na última semana a polícia Federal prendeu o ex-candidato a Deputado Estadual, Marcos Gomes. Essa prisão desmoralizou a polícia civil e Militar da Bahia?
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ML- Na minha opinião, sim. A Região e a Morena FM denunciaram várias vezes que ele estava passeando impunemente em Itabuna, Salvador e Conquista. Na última, a rádio avisou no ar que ele estava no shopping, como se não fosse um foragido da Justiça. A civil e a PM prenderam dezenas de foragidos de outros estados que vieram para a Bahia, inclusive do PCC, mas para elas Marcos era invisível. Quando foi preso em Salvador pela PF, vários delegados e policiais civis foram lá para ver o que podiam fazer por ele. Isso é lamentável.
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Blog. Em relação a sucessão estadual de 2010, você acredita que será mantida a aliança entre PT e PMDB?
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ML- Tenho certeza que vai, até porque o PMDB nunca foi nada na Bahia e continua não sendo. Ele precisa de Wagner. Sua posição atual, forte, só existe porque Wagner convenceu Lula a nomear Geddel ministro. Se ele perder a pasta, o PMDB volta ao que era, um partido que só elegia, com dificuldade, um deputado federal, o próprio Geddel; tinha meia dúzia de prefeitos e poucos deputados estaduais. Geddel sabe, mas vai fazer joguinho até junho de 2010. Ora vai dizer que é candidato, ora vai desmentir, só para pressionar Wagner e obrigá-lo a dar o máximo de vantagens para o PMDB em troca de seu apoio. Tudo papo furado.
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Blog. Qual é o candidato que pode ameaçar a reeleição do Governador Wagner?
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ML - Hoje, nenhum, porque o carlismo está muito vivo na cabeça do eleitor, que deixou clara sua rejeição em 2006. Além disso, Wagner tem feito um governo excelente. Apesar da divulgação deficiente, as comunidades beneficiadas estão vendo este trabalho. Então, hoje não há concorrente. Amanhã, nunca se sabe.
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Blog. Atualmente a região cacaueira contra com quatro deputados, sendo dois Estaduais, Capitão Fábio (PRP), Ângela Souza, e dois Federais, Raimundo Veloso (PMDB), e Geraldo Simões (PT). Em sua opinião, quais desses Deputados merecem se reeleitos?
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ML- Veloso e Geraldo, pelo que já fizeram em vários cargos, merecem a reeleição e o apoio de todos. Fábio não foi um mal deputado, mas pecou pela inconsistência política, vai ser difícil se reeleger. Ângela parece mais uma vereadora estadual, se elegeu na sorte, uma sorte que não deve se repetir.
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Blog. Você acredita que em 2010 serão eleitos mais Deputados provenientes da região cacaueira?
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ML- Não, nossa região sempre votou pesado em candidatos de outros lugares. Isso vem mudando aos poucos, mas ainda está longe de se defender só candidatos daqui. Além disso, nem sempre a eleição de um nome daqui ajuda a região.
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Blog. Qual foi o melhor e o pior prefeito de Itabuna?
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ML- O pior, sem nenhuma margem de dúvida, foi Fernando Gomes. O melhor nunca assumiu o cargo oficialmente: Firmino Alves. Ele, na prática, construiu Itabuna e a administrou no período mais difícil. Trabalhou como prefeito e merece o crédito.
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Blog. Para finalizar, gostaria que você definisse em poucas palavras algumas personalidades da política e da imprensa.
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Manuel Leal. - um jornalista único e insubstituível, caçador da verdade.
Maria Alice. - dispensável.
Eduardo Anunciação. - um patrimônio do jornalismo regional.
Fernando Gomes. - alguém que acredita na impunidade eterna.
Val Cabral. - um cara que vive de provocações e se alimenta das reações.
Geraldo Simões. - um oásis de boa gestão no oceano de fernandices.
Capitão Fábio. - um político honesto, bom deputado, mas sem noção política.
Renato Costa. - um bom deputado que se perdeu num mar de rancor.
Juçara Feitosa. - seria uma grande prefeita.
Ubaldo Dantas. - perdeu o bonde da história por se achar bom demais para ela.
Jaques Wagner. - o melhor governador da Bahia que conheci.
Geddel Lima. - sonha ser o novo ACM da Bahia, mas será apenas... Geddel.
ACM. - um político que marcou a Bahia, inesquecível (para o bem ou o mal).
Marcel Leal. - consciência e sono tranquilos.