Residência Universitária foi o novo nome outorgado ao famoso RU – Restaurante Universitário. Há dias os estudantes da Universidade Estadual de Santa Cruz, junto ao DCE (Diretório Central dos Estudantes) e secundaristas, ocupam pacificamente o prédio do Restaurante da Universidade, inativado a cerca de 4 meses.
Num gesto épico e histórico, em nome de toda a comunidade acadêmica, um movimento estudantil altamente organizado fechou os portões da entrada da UESC no dia 25 de setembro de 2008, das 6h às 9h, mobilizando em torno de 2000 estudantes. O ato, aliado à ocupação, exteriorizou a vontade dos que defendem uma divisão orçamentária justa para os anos seguintes.
No próximo dia 6, a administração da UESC se reunirá no PDI (Plano de Desenvolvimento Institucional) para definir os gastos prioritários do Campus Soane Nazaré. O que os discentes desejam como prioridade, juntamente com o DCE, entre outras coisas, é: a reativação do Restaurante com iniciativa pública; o bandejão a preço popular; a construção de um posto médico e uma creche que atendam a toda a sociedade; a edificação de moradia para estudantes de baixa renda e a diminuição do preço das passagens do transporte coletivo.
O título II (da Universidade, da Autonomia e Objetivos) do Regimento Geral da UESC versa em seus capítulos que compete à Academia: identificar problemas regionais nos âmbitos social e natural, apontando soluções; oferecer condições e estímulos ao desenvolvimento integral do ser humano e elaborar - de forma autônoma - a proposta e a execução do seu orçamento. Para tanto, os integrantes da manifestação exigem coerência ativa da UESC no que diz respeito à tutela da cidadania, da democracia e dos direitos fundamentais.
No primeiro dia da manifestação – dia mundial do coração e véspera do Aniversário do Reitor Joaquim Bastos – por volta das 12h, após visita do pró-reitor Ari Mariano, os manifestantes sentiram-se desrespeitados com o corte da energia do RU. Em função disso, a entrada de acesso da torre administrativa da UESC foi bloqueada às 16h e desocupada somente às 20h, após a religação das luzes, negociada com a vice-reitora Adélia Pinheiro e com o reitor, que chegara de viagem.
Durante a negociação, bem como em entrevistas, os componentes do governo universitário alegaram não terem sido notificados das reclamações. Entretanto, esqueceram-se de informar que a pauta de reivindicações é antiga conhecida dos dirigentes da Universidade que, afinal de contas, é pública.
Os universitários que passaram a “morar” por tempo indeterminado no RU querem, acima de tudo, transformar o espaço num grande centro cultural. Arames de caderno que foram feitos de reco-reco, latas que se converteram em tambores, palmas, gaitas e violões comporam o som e deram vida a cultura. Além disso, está prevista a ministração de aulas por docentes e a criação de uma “Semana de Cultura”, na qual diversas atividades artísticas serão exibidas.
Dividido em comissões de infra-estrutura, alimentação, organização, comunicação, cultura e segurança, o movimento ganha adeptos a todo o momento. Sustentando-se por meio de arrecadações e doações de mantimentos e até dinheiro, o grupo de protesto já conta com fogão próprio, caixas de som, microfones, televisor e bolas para a prática de esportes.
É permanente a ocupação do RU até que todas as reivindicações sejam atendidas pela administração da UESC no sentido da melhoria da assistência estudantil. Participe como puder!!! Os estudantes agradecem.
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Michel Mendonça Ribeiro – Estudante do Curso de Direito da Universidade Estadual de Santa Cruz, membro suplente do CONSEPE (Conselho Superior de Ensino, Pesquisa e Extensão da UESC) e ativista da manifestação.
sábado, 27 de setembro de 2008
RU: Residência e Resistência Universitária
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