quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Política,gente e poder.

Fernando Gomes, prefeito quatro vezes desta capital-cidade do planeta cacau, combativo e combatido, sem direito ao colírio da foto. Verifica-se que a partir deste ano de 2008 vai começando o fechar da cortina, crepúsculo, ocaso de um dos períodos mais controvertidos da contemporânea História de Itabuna: A Era fernandista. Nos próximos parágrafos o concretismo das anunciações.
Fernando Gomes Oliveira, filho de José Oliveira Freitas e Ester Gomes de Oliveira, de naturalidade itabunense, nascido em 30 de junho de 1939, jamais imaginou ingressar na vida pública, na política. Seu nome era conhecido no ambiente de comerciantes de vacas, bois, no circuito de fazendeiros de formação escravagista. Fernando era uma espécie de vaqueiro, de caipira esperto, feio.
Fernando Gomes, na fase inicial da vida, na mocidade, não acreditou no conhecimento, não cultivou o estudo, não fez o ensino médio nem faculdade. Para Fernando, a vida era o comércio de gado, fazendas. Por aí consolidou algumas amizades que auxiliaram o seu crescimento financeiro. De memória: Júlio Santana, Abdala Habib, Tarik Fontes, Alfredo Coelho Lima e outros pecuaristas.
Fernando Gomes, no início da década de 1970, exatamente em 72, foi um dos estandartes da campanha bem sucedida do senhor José Oduque a prefeito aqui de Itabuna e por aí conseguiu o cargo de secretário de Administração, enquanto o prefeito Oduque freqüentava o Curso de Direito da Fespi, hoje Uesc, Fernando foi conquistando, dominando todos os espaços da Prefeitura com apetite, gosto.
Fernando Gomes, no primeiro mandato (1977-1982), segundo mandato (1989-1992), foram marcados pelo desenvolvimento, humanismo. Era o tempo do Fernando Cuma Gomes autêntico, humilde, doce do legendário MDB, PMDB, da geração do Ato 5, quando vivíamos no autoritarismo militarista, na alienação política. Todo autoritarismo, toda ditadura é condenável. Seja de esquerda, ou seja de direita.

Fernando Gomes, terceiro mandato (1997-2000), quarto (2004-2008) marcados pela ansiedade da privatização da Emasa, o artifício da limpeza pública, da prepotência, estagnação e um sem-número de outras mazelas sem punição. Neste período impiedosamente assassinaram Manuel Leal, fundador do semanário A Região, que entregou, dedicou sua vida ao jornalismo de espírito crítico.
Fernando Gomes. Jamais uma figura pública, nunca um prefeito deste chão teve tantas possibilidades, chances de se eternizar em nossa História como um dos melhores, independente de cultura. Mas nos últimos mandatos o senhor Fernando Gomes cada vez fracassando, cada dia sem espírito público, decaindo. Esqueceu os compromissos com a História, com o futuro, como não pensou no passado, no ontem.
Fernando Gomes, se esquecesse um pouco a ganância material, esquecesse as crueldades, não se transformasse, notadamente neste quarto mandato, estaria na História desta cidade em favoráveis condições, com positiva imagem. Nenhum historiador de respeitabilidade vai reverenciá-lo, pois a cada dia vai aparecendo um escândalo novo envolvendo o prefeito deste chão nas páginas da imprensa.
Fernando Gomes, terceiro, quarto mandato decidiu esquecer as referências do passado, esquecer a História ao se conduzir desacertadamente nos labirintos do Poder. Biografando, vejo em Fernando Gomes trajetória fecunda nas duas primeiras gestões, mas que inesperadamente construiu uma biografia de arrogância, aventura, egoísmo nos últimos Governos. É só consultar o relógio do tempo.
Fernando Gomes. Revelei há recuados cinco anos, vai ter biografia pública esquartejada, penalizada, manchada porque foi extremamente infiel com suas origens, porque as maldades estão mais expostas do que o trabalho coletivo, a bondade, o bem. Tanto é verdade que o levantamento dos acontecimentos, as apurações dos fatos estão aí para implacavelmente desnudar o senhor Fernando Gomes.
Fernando Gomes, nos últimos anos no tapete do Poder, não estabeleceu democráticas relações com a sociedade. Preferiu o enriquecimento pessoal, a convivência com a mentira como hóspede passageiro do Poder. Na atualidade, não está nem aí para a comunidade, não se preocupa com a cidade, com ninguém. Ele só está preocupado em criar obstáculos para as investigações sobre sua gestão.
Fernando Gomes é a referência exata da ironia do destino. Nem as realizações promovidas no seu primeiro Governo, nem os feitos do segundo sobreviverão, sobreviveram, sobrevivem à maldição que desabou, caiu sobre sua reputação pública nas últimas gestões. Fernando Gomes, símbolo da ironia do destino. Quando a cabeça de um político trava, tudo se complica. Pobre Fernando.


Eduardo Anunciação

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