quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Outros carnavais

Os últimos 16 anos foram coroados por quatro mandatos de Fernando Gomes e Geraldo Simões. Diga-se, mandatos alternados. São carnavais passados, sem pierrôs e sem colombinas, mas com um saldo de esgotos a céu aberto em quase todos os bairros periféricos, o que tem levado os moradores à loucura por conta da fedentina, dos problemas de saúde gerados pela lama ou pela poeira, que entra pelos pés ou pelas narinas de crianças, velhos e moços, debilitando-lhes a saúde.
Velhos carnavais.
Agora, os dias são outros. Fernando Gomes, velha raposa da política de Itabuna, deu o pulo do gato e se afastou do pleito de 2008, deixando Geraldo Simões sem pai, sem mãe e sem discurso. Aquele discurso que faria com que o contraponto de sua campanha fosse arranjado. No carnaval quase antecipado a fantasia de Arlequim não lhe cai bem e o povão já está em outra e não aceita nem mesmo a dona Juçara Feitosa com a fantasia de Colombina.
E o PT de Itabuna ficou refém de Geraldo Simões, aquele que não dá sombra e nem encosto e, por isso mesmo, fragilizou suas lideranças que pudessem despontar como novas forças na política local, talvez, até, seguindo o modelo criado por Lula - único nome com alguma viabilidade em futuras eleições.
Mas é verdade que a política de Itabuna sentiu os feitos provocados pelos dois últimos governantes - Fernando Gomes e Geraldo Simões - e se observa as dificuldades dos demais partidos em indicar nomes que possam galvanizar a opinião pública e atrair votos suficientes que possam eleger com folga um novo líder. E nosso carnaval passou a ser um bloco único a desfilar pela avenida.

Os partidos constituídos não se preocuparam em politizar grande parte do povo e o resultado é o que temos observado: uma cidade carente de obras importantes a serem realizadas nos bairros, com uma saúde debilitada pela fragilidade do atendimento na área da saúde e com a educação primária e secundária deixando feridas profundas, sem que se veja no curto prazo alguma perspectiva de cicatrização. E, pior, com a população sem querer acreditar na palavra daqueles que se aventuram como candidatos.
O carnaval da política tem dessas coisas. O palhaço pode ser engraçado.
Mas, e quem é que acredita nele?
É a mesma coisa do mentiroso. Engana uma vez, duas, três. E depois? Como é que a população vai acreditar em Geraldo Simões, se em dois mandatos não cumpriu suas promessas e deixou a cidade, sobretudo, a periferia de Itabuna, com esgotos a céu aberto em quase todos os bairros? E as ruas sem calçamento, adianta ao ex-alcaide dizer que agora vai fazer tudo direitinho?
Nem mesmo a balela do governo do PT em Brasília e Salvador pode iludir o mais incauto dos eleitores. Em TREZE meses de mandato, o governador Jacques Wagner não mandou concluir as obras do Teatro Municipal e nem o Centro de Convenções, não liberou recursos para asfaltar ruas ou fazer o calçamento a paralelo. É bom lembrar que Geraldo Simões foi prefeito quando Lula governou o Brasil e nenhum recurso especial foi destinado a Itabuna, por absoluta falta de projetos exeqüíveis.
É bom o eleitor parar um pouco e pensar numa solução de curto prazo. Itabuna terá um excedente de candidatos como nunca foi visto antes. Tem gente que arrota grandeza por todos os lados e diz que vai gastar milhões. Um candidato em Ilhéus gastou uma verdadeira fortuna, se elegeu, e depois? Todos lembram no que deu. Será que a experiência da vizinha cidade terá de ser repetida por aqui? O eleitor deve ouvir atento o que cada candidato tem a oferecer como projeto de governo e deve observar qual é o candidato que tem um grupo em torno de si, capaz de estudar e oferecer um bom projeto administrativo para a cidade; da mesma forma devem ser analisadas as propostas para mudar a nossa rotina governamental, que está encravada por problemas que parecem não ter solução, mas que, no fundo, com boas idéias, boa capacidade de trabalho e bom número de pessoas capazes de resolver os problemas que atormentam a nossa população mais carente.


JOSÉ ADERVAN DE OLIVEIRA

Um comentário:

"APESAR DE VOCÊS disse...

A UESC está sendo sulcateda Adervan, cadê vocÊ seu jornal para ajudar os estudantes