sábado, 8 de março de 2008

Política,gente e poder

Fernando Gomes, no terceiro, neste quarto mandato de prefeito daqui de Itabuna, se transformou em misterioso político, esquisita figura, estranho homem. Nos próximos parágrafos, equilibradas anunciações, carinhosas análises, opiniões firmes, sem nenhuma preocupação de criticá-lo ou elogiá-lo. Publico com consciência um pequeno balanço do seu comportamento público, escrevo o que penso, o que sei.
Fernando Gomes, sem direito a foto do dia, tem desabafado em ambientes reservados, tem declarado em vários círculos, locais que quando terminar o seu mandato (tem menos de um ano) vai embora deste chão itabunense porque está profundamente “decepcionado”, extremamente “revoltado” (entre aspas). É mistificador, cara-de-pau, como veremos sem vinganças nem ódios na geladeira.
Fernando Gomes, quando no tapete do governo, quando na cátedra do poder desta capital-cidade do planeta cacau (1973-1977) e (1989 a 1992), conseguiu um conjunto de vitórias administrativas, obteve um conjunto valioso de méritos políticos. Trabalhou, avançou, reagiu, lutou, fez com entusiasmo incomum, com alegria, com prazer, com paixão. Estava turbinado, reforçado, animado.
Fernando Gomes, precisamente agora, com a popularidade despencando, promovendo desgoverno, questionado na justiça, tribunais por atos indevidos, vai falando que está “decepcionado” com a população, comenta que está “revoltado” com Itabuna. Ele está desqualificando o contribuinte, desqualificando a cidadania, desqualificando a história, o eleitor, o povo.
Fernando Gomes, lembrai-vos. Esta população, cidadania, eleitor consagrou Fernando Gomes quatro vezes prefeito, como o escolheu três vezes deputado federal. Agora, fica menosprezando a população, fica diminuindo a cidadania, a cidade, quando deveria se ajoelhar, rezar, orar aos pés dela.
Fernando Gomes. Na verdade, quem deveria estar decepcionado, revoltado (sem aspas) era o contribuinte, cidadão, eleitor de Itabuna com Fernando Gomes, com o prefeito Fernando Gomes, com o político Fernando Gomes, com o homem Fernando Gomes. Ele está extrapolando, está abusando, abusa.
Fernando Gomes, do ponto de vista do reconhecimento, do ponto de vista do sentimento, do ponto de vista da gratidão, do ponto de vista da razão, perdeu o raciocínio, perdeu o compasso, perdeu a visão, perdeu o rumo ao proclamar: “Não quero ver Itabuna, estou decepcionado e revoltado”.
Fernando Gomes. Tenho constatado, analisado, escrito, opinado exaustivamente neste DIÁRIO DO SUL, aqui com binóculos, sem binóculos, com óculos, sem óculos, que o senhor Fernando Gomes perdeu a autenticidade, não é o mesmo. Itabuna virou um faroeste, pó neste seu quarto mandato.
Fernando Gomes, nos últimos anos, mercantilizado político, pessoalmente afetado como homem por conhecidos motivos. Quando principiando na política, iniciando no mundo público, promoveu acertos, mas foi acumulando saldo bem maior de desacertos, erros, pois esqueceu os compromissos de campanha.
Fernando Gomes, decerto, vai encerrando sua vida política, vai terminar sua vida pública aos 69 anos de idade, mentalmente envelhecido, sem compromissos com a sociedade, sem respeito a sua própria História. Vai terminar choramingando na solidão, mesmo com mineradora, mesmo rico.
Fernando Gomes era um homem político que tinha companheirismo, era homem público que comparecia, que perguntava, prosava. Fernando Gomes, há tempos, não tem companheirismo, não comparece, não pergunta, não prosa. Está angustiado, amargurado, amargo. Nada tem a oferecer. Só quer receber.
Fernando Gomes menosprezou as esperanças dos itabunenses, fragilizou correligionários, debochou amizades, ficou caolho. No quesito familiaridade, respeitarei sempre a privacidade, respeito a intimidade do senhor Fernando Gomes. Vai terminar capataz de fazendas, capitão-do-mato, sem companhia, sem amigos.
Eduardo Anunciação

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