domingo, 16 de março de 2008

O clã ACM se engalfinha em torno de sua herança

Ameaças, chantagens, intrigas e até invasão autorizada pela Justiça marcam a disputa da família de Antonio Carlos Magalhães por patrimônio avaliado em 345 milhões e esferas de influência na Bahia
Fino observador e implacável executor das leis que movem o poder e o dinheiro, o ex-senador Antonio Carlos Magalhães seria o primeiro a saber: quanto mais de ambos, maior a probabilidade de disputas. Morto no ano passado, depois de uma vida em que, à exceção da Presidência da República, ocupou praticamente todos os postos que contam (inclusive os que não têm designação), ACM deixou uma herança política em refluxo e um patrimônio ainda saudável, avaliado em 345 milhões de reais, constituído por emissoras de rádio e televisão, jornal, gráfica, imóveis, ações e dinheiro. Na semana passada, uma cena inimaginável na época áurea do leão baiano revelou a existência de uma briga feroz entre os filhos e netos pela herança do ex-senador. Amparados por uma decisão judicial, policiais armados arrombaram o apartamento da viúva de ACM, Arlette Magalhães, de 78 anos, à procura de quadros, esculturas e objetos valiosos supostamente desaparecidos após a sua morte. A ação foi autorizada pela Justiça depois que Tereza Magalhães Mata Pires, filha do ex-senador, acusou o irmão, ACM Júnior, de esconder dos inventariantes a parte de maior valor do acervo que o pai mantinha em casa. A briga pela herança tem todos os elementos dos litígios familiares que entram para a história: ódios antigos, ameaças, chantagens, intrigas, espionagem e, inevitavelmente, a eclosão de segredos íntimos guardados por décadas. Ao fundo, o panorama sempre venenoso das disputas pelo poder na Bahia.
ACM não deixou testamento. Pela lei, seus bens devem ser divididos entre a viúva, Arlette, e os filhos, ACM Júnior e Tereza Magalhães; mais os netos Luís Eduardo Filho, Carolina Magalhães e Paula Magalhães, cujo pai, o deputado Luís Eduardo Magalhães, morreu em 1998. A jóia da herança é a TV Bahia, emissora que transmite a programação da Rede Globo no estado. Avaliado em 300 milhões de reais, o canal sempre foi um instrumento importante da família para conquistar e manter sua influência na região. Alcança todos os municípios baianos e tem uma média de 70% de audiência. Não surpreendentemente, está no centro da disputa. Logo depois da morte do ex-senador, a filha Tereza, que é casada com o empresário Cesar Mata Pires, dono da construtora OAS, uma das maiores do país, tentou promover uma aliança estratégica com o irmão e os sobrinhos para deixar o controle da TV nas mãos do marido. O interesse de Mata Pires pela emissora é antigo e, segundo os adversários familiares, ele tem como meta usar o canal para multiplicar seus negócios. O empreiteiro procurou ACM Júnior, que ocupou a vaga do pai no Senado, e o deputado ACM Neto para propor um acordo. Ofereceu a Neto uma mesada de 100 000 reais, um avião e a garantia de financiamento de todas as campanhas, "da borracha ao marketing", para que lhe fosse passado o controle da TV. Júnior receberia o triplo de todos os seus rendimentos provenientes da emissora. Pai e filho recusaram a proposta, e a guerra começou.
"Cesar quer poder, para isso quer controlar a TV Bahia. Como não conseguiu, apela para baixarias, como a invasão da casa da minha mãe. O absurdo é que minha irmã o apóia e não respeita a mãe nem a memória do nosso pai", diz o senador ACM Júnior, o porta-voz da família. As relações de Mata Pires com o restante da família, que nunca foram muito boas, chegaram ao ponto de incandescência quando ele avisou que iria retaliar para mostrar que todos têm muito a perder com a disputa. Há uma semana, o empreiteiro transferiu seu escritório e a residência de São Paulo para Salvador. Simultaneamente, a Justiça determinou a invasão do apartamento da viúva do ex-senador. Segundo os Magalhães, Mata Pires também contratou uma empresa de detetives para grampear telefones e vasculhar a vida da família. "Por isso, ninguém aqui mais fala assuntos sérios ao telefone", conta um dos envolvidos. Também existem rumores de que até porteiros do edifício onde mora a viúva foram subornados para avisar sobre qualquer movimentação considerada suspeita. Os Magalhães também se mostram indignados com os boatos espalhados, segundo eles pelo empreiteiro, de que o ex-senador teve um filho fora do casamento. O homem, hoje com 40 anos, teria sido reconhecido por ACM no leito de morte e, pela versão difundida, ganhou de presente um apartamento no bairro do Morumbi, em São Paulo. Agora, estaria interessado em entrar na Justiça para pedir a exumação do corpo do ex-senador, confirmar a paternidade e reivindicar sua parte na herança. "Só três pessoas podem saber se isso é verdade: meu pai, que já morreu, esse rapaz e a mãe dele", desconversa ACM Júnior, deixando claro o desconforto com a história que ronda a família há muitos anos.
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Um comentário:

Anônimo disse...

RESUMO ÓPERA INTRIGANTE. SOBROU PARA ONELSON PELEGRINO OU PEREGRINO,QUE PERDEU ATÉ ACONDIÇÃO DE DE SER CANDIDATO Á PREFEITO. QUEM VIVER VERÁ.