quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

O PT BAIANO E OS URUBUS

Hoje se projeta como um dia de grande tensão no PT baiano, que experimentou as eleições para o seu Diretório Estadual e Diretório Municipal de Salvador como nunca antes foram observadas: desencontros, animosidades, tapas, revólveres à mostra, a presença da polícia para manter a ordem, informações contraditórias de um lado e de outro, e uma desorganização, diria, marroquina. Dá-se como reeleito, oficialmente, o atual presidente Marcelino Galo. Antes, Paulo Jonas, seu adversário, anunciou que vencera. Houve apuração oficial e apuração paralela e elas se interpretavam como num cenário de total furdunço. A manhã de hoje promete ser de convulsão no PT e, à tarde, Marcelino Galo dará entrevista coletiva. Há acusações de fraudes de toda ordem, principalmente fraudes primárias em municípios onde não se esperava eleição. E nessas fraudes nada se mascarou. O vencedor aparecia com determinada quantidade de votos e o adversário com zero. Exatamente, zero. O PT, que virou uma "casa do sem jeito", empata ou ganha para outros tipos de eleições ocorridas na política contemporânea baiana. O que leva à conclusão de que os partidos são iguais, porque se equiparam na ética ausente, no jogo de bastidores, nas rasteiras, nas fraudes. Enfim, o PT está despojado da aura de partido diferenciado. Aliás, desde o episódio do Mensalão, não se diferencia de nenhum. Há uma brutal luta por interesses, por espaços, pelo poder. Ninguém se entende na legenda da estrela, que nem sei mais se é vermelha ou amarela. A questão é convulsa, nebulosa, com a marca das desorganizações dos antigos grêmios estudantis. Se as denúncias de fraude vierem à tona - e terão que vir - com toda as cores e procedimentos abjetos, o PT baiano vai para a mídia nacional. Querem saber? O PT precisa ser refundado. Aquela legenda que se agitava nas ruas com suas bandeiras, com as suas teses e mensagem de esperança para um Brasil novo, morreu. E como não foi sepultado, pertence aos urubus. Sei que esta é uma crítica dura. Mas, creiam, poderia ser pior. Eu estou sendo generoso usando tintas tão suaves para pintar o quadro da desordem.
(Samuel Celestino)

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