domingo, 25 de novembro de 2007

A melhor empresa

Nos anos 80 trabalhei quatro anos na então GFM/Propeg, braço em São Paulo da baianíssima Propeg de Rodrigo Sá Menezes e Fernando Barros. Saí de lá no meio de 1984. Lembro que, uns dias depois de pedir demissão para voltar à Bahia, ouvi de Rodrigo Sá que as portas estariam sempre abertas caso eu quisesse voltar. Não voltei, mas fiquei feliz em sair deixando boa impressão porque, para mim, a Propeg é a maior agência do mundo. Por que? Porque foi ela que me deu meu primeiro emprego formal. Graças a ela eu tinha combustível para meu carro, podia pagar aluguel, comprar comida, ir ao cinema, viajar, curtir um barzinho, passear, etc. Tá certo que voce deve estar pensando que ela não fez nada demais, já que eu trabalhei duro, lhe dei lucro e ser pago é o “mínimo que a Propeg podia fazer”. Tem razão, e a gente sempre acha que merece um salário maior do que recebe. Eu também achava. Mas a Propeg poderia ter empregado milhares de outras pessoas e não eu. Ela podia ter empregado alguém mais experiente, algum premiado ou até um mais barato. Mas deu o emprego a mim e por isso tenho, sim, que ser grato. Não sei de onde vem a ingratidão de empregados em relação à empresa que garante seu sustento e de sua família. Naquela época eu defendia a Propeg em toda e qualquer conversa, não admitia que fosse criticada. Afinal, era a minha empresa. Hoje em dia vejo empregados malhando suas empresas todo dia, falando mal de companheiros e patrões para todo mundo, até para os clientes, o que é a burrice extrema, aquela que prejudica a empresa e acaba custando o emprego do próprio falador. Tratando do mesmo assunto, o genial consultor Mário Persona lembrou a máxima militar de que voce não deve queimar as pontes porque um dia pode ter que voltar por elas. Pois já vi muitos tentando voltar pela ponte que queimou, esquecendo o que falava sobre a empresa. Esquecendo as malandragens que fazia, as pequenas sabotagens que cometia pelo simples prazer de sabotar. Queimando... Claro que todos eles morreram perto da praia, afogados em sua própria burrice. Mas não foram a única vítima, pois levaram junto suas famílias. Por isso, meu amigo, da próxima vez em que te perguntarem onde voce trabalha, responda com o maior orgulho: “na melhor empresa do mundo”. Ela até pode não ser, mas sem esta empresa voce estaria procurando emprego nos classificados, sem saber como ia pagar as contas ou comprar o leite da filha.
Marcel Leal - Jornal "a região"

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