sexta-feira, 28 de agosto de 2009

CAMPANHA ELEITORAL EM DOIS TURNOS!

Uma eleição em dois turnos tem uma dinâmica própria e seus mistérios, num quadro pluripartidário. Como desenvolver o primeiro turno de forma a construir a ponte para agregar forças num segundo turno? Isso terá que se dar na comunicação e propostas dos candidatos.
.
Uma primeira análise é saber em quais dos demais candidatos os eleitores poderiam num eventual segundo turno, serem atraídos para a sua candidatura. De nada serve escolher um candidato de amaciamento, se os leitores são antípodas à sua candidatura.
.
As hipóteses de amaciamento têm dois aspectos. a) Não pode chocar os seus próprios eleitores. b) Deve ser uma candidatura com lastro, de forma que valha a pena amaciar.
.
Amaciamento é encontrar qualidades num adversário ou, no mínimo, não atacá-lo e deixar isso claro aos eleitores dele. Mas há um risco. Se o candidato amaciado tem lastro, ou seja, intenções de voto significativas, esta tática ajudará a que este cresça e o ultrapasse.
.
De qualquer forma, esse amaciamento é decisivo, pois esta agregação de votos no segundo turno é que trará a vitória. O desespero de ir para o segundo turno, muitas vezes torna inviável a própria candidatura no segundo turno. A agressividade deve ser avaliada. Em geral os candidatos só se fixam no primeiro turno, deixando o segundo para depois, e isso pode ser fatal.
.
A escolha do amaciado atrasa a agregação de votos, e cria ansiedade. Mas será a pedra de toque da vitória no segundo turno. Lula está certo quando insiste numa eleição plebiscitária: o segundo turno seria no primeiro e sua nitidez seria mais facilmente entendida num jogo Lula/Anti-Lula.
.
Com um quadro de pelo menos quatro candidatos, a teoria do segundo turno, passa a exigir atenção estratégica de todos. Como se diferenciar dentro da base do governo? Com que taxa de agressividade? Quem escolher para amaciar?
.
O candidato da oposição se beneficia, pois as críticas intracandidatos da base serão inevitáveis. Mas também sentirá o peso de todos os demais o criticarem. Quem será escolhido para amaciamento? Se for quem troca votos com ele, essa troca poderá lhe ser incômoda, mas necessária.
.
O adversário favorito para o segundo turno, é que não poderá ser, pois esse deveria chegar ao segundo turno com o máximo desgaste. Essa equação é mais complexa entre os candidatos da base. Complexa, mas inevitável.
.
Trechos da coluna de Cesar Maia na Folha de SP.

Nenhum comentário: